Dou um pontapé nestas árvores de carne e folhas.
Mas esperem!
A palavra árvore não é uma árvore,
momento de sombra,
nem a palavra sol queima a pele das mãos.
e até hoje nunca vi voar a palavra rouxinol.
Ah! Se eu pudesse colar no papel o canto dos pássaros,
o esfarrapar concreto do canto verdadeiro dos pássaros,
e esta mão de sol que cria a invenção das flores.
Mas não.
Sempre as mesmas palavras,
com alçapões de bruma.
Sempre esta resignação à Poesia
com pontes mágicas para coisa nenhuma.