março 28, 2005

A realidade DA VINCI

Gostava primeiro que tudo neste post, afirmar o meu catolicismo e a minha crença em Deus e Jesus Cristo (sendo praticante dentro dos possíveis). No entanto, esse facto não me impede de me sentir algo relutante e duvidoso face a algumas atitudes e comportamentos da Igreja, que a meu ver age mais em função dos seus próprios interesses económico-sociais - enquanto instituição que é - do que propriamente em função dos dogmas cristãos que deve seguir e aos quais supostamente deve a sua existência. Basta recordar o exemplo da Inquisição que mandou matar milhares de pessoas em nome da Igreja, pessoas essas que apenas tinham orientações e convicções religiosas diferentes das católicas, e que acabaram por pagar esse facto com a própria vida, morrendo de formas horrendas a absolutamente impróprias e inadequadas a uma instituição que defende como principal dogma o amor, o perdão e a igualdade.
Já me aconteceu por várias vezes comparar a era da Inquisição em Portugal ao holocausto levado a cabo pelos nazis na Segunda Guerra Mundial, e se formos a reparar em muito se pode comparar um caso com o outro (apesar dos nazis em caso algum tivessem evocado a Igreja como justificação para as suas barbaridades): ambos os casos foram motivados por interesses sobretudo de ordem económica, na medida em que ambos extorquiram ao máximo todos os condenados e executados, falando por exemplo dos bens e pertences pessoais e possessões que eram por vezes muito valiosos, os quais eram desde dinheiro, jóias valiosas, até à própria roupa.
Tudo era minuciosamente aproveitado. Acredito seriamente que isto não tenha acontecido só nos "verdadeiros culpados", ou seja, nos "não-inocentes" se é que assim lhes podemos chamar; mas àqueles que realmente interessava, àqueles que tinham dinheiro e que podiam ajudar a economia do Estado com a sua morte e consequente passagem de bens para o mesmo. Se repararmos, em muitos casos os judeus (vítimas quer do nazismo quer da Inquisição) são pessoas bem sucedidas na vida e que acabam por gerar muita inveja à custa disso mesmo. Muitos (senão a maioria) foram os judeus milionários ou com boas possessões económicas, que nenhum mal fizeram àqueles que os executaram, e que sem saberem exactamente porquê acabaram por ir parar à fogueira e aos blocos crematórios esperar a morte.

Tudo bem que tudo isto se refere a factos passados e que em certa medida o presente possa ter mudado nessas circunstâncias, mas na minha opinião é um exemplo mais do que evidente que a Igreja agiu e continua a agir em prole dos seus interesses.
Quando ainda hoje, 27 de Março de 2005, ouço o Cardeal Patriarca de Lisboa dizer indirectamente que livros como o best-seller "O Código Da Vinci", só servem para difamar o nome e a história da Igreja por revelarem factos relacionados com a vida de Jesus Cristo que a Igreja desde logo considera falsos, estando os mesmos devidamente fundamentados no próprio livro, com referências explícitas a evangelhos de apóstolos que acompanharam a vida de Jesus Cristo e que referem nos seus escritos dados que certamente não iriam refutar o bom nome da Igreja, mas que estão praticamente provados como certos. No entanto a Igreja não está minimamente preocupada em comprovar essa eventual veracidade, e porquê? porque com certeza isso não lhe convinha em nada! Muito pelo contrário, só a ia prejudicar, independentemente do lado bom da coisa, que é neste caso saber se Jesus foi mesmo aquele homem que toda a gente pensa que foi. Factos como o eventual casamento e relação de Jesus Cristo com Maria Madalena, assim como o facto de ambos terem tido um filho resultante dessa relação amorosa, são postos ao de cima em "O Código Da Vinci" de uma forma clara e evidente. E claro que se isto não se viesse a revelar fictício, isto viria mais tarde ou mais cedo o fim da Igreja Cristã e do culto a Jesus Cristo, visto que se provava que Jesus tinha sido um homem perfeitamente normal, como qualquer outro.
Eu próprio li o respectivo livro e considero-o um livro verdadeiramente polémico, sobretudo pelos factos que tenta trazer ao de cima, e que a meu ver estão bastante bem fundamentados e têm alguma lógica de serem como são, e como tal penso que a Igreja devia ser a primeira instituição a se preocupar em desvendar todo o assunto, quaisquer que fossem as consequências que isso acarretasse para a mesma. Só iria contribuir para acabar de uma vez por todas com esta questão, com esta dúvida. Mas uma vez que a mesma não o faz está nem aí para o assunto, houve quem o fizesse, e que para o bem de todos os católicos, espero sinceramente que o continue a fazer.

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