agosto 28, 2007

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Casa da Música
[Porto]



fotografia por
Nuno Perestrelo



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maio 12, 2007

Faculdade de Ciências da Saúde

Universidade da Beira Interior

(Covilhã)


fotografias POR Nuno Perestrelo

























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abril 12, 2007

Labirintos da Poesia I

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O amor que sinto
é um labirinto.
Nele me perdi
com o coração
cheio de ter fome
do mundo e de ti
(sabes o teu nome),
sombra necessária
de um Sol que não vejo,
onde cabe o pátria,
a Revolução
e a Reforma Agrária
sonho do Alentejo.
Só assim me pinto
neste Amor que sinto.
Amor que me fere,
chame-se mulher,
onda de veludo,
pátria mal-amada,
chame-se "amar nada"
chame-se "amar tudo".
E porque não minto
sou um labirinto.
José Gomes Ferreira
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Poema

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seun
um rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco


Mário Cesariny




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Burgueses somos nós todos
ou ainda menos.
Burgueses somos nós todos
desde pequenos.

Burgueses somos nós todos
ó literatos.
Burgueses somos nós todos
ratos e gatos
Burgueses somos nós todos
por nossas mãos.
Burgueses somos nós todos
que horror irmãos.
Burgueses somos nós todos
ou ainda menos.
Burgueses somos nós todos
desde pequenos.


Mário Cesariny
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Não: não digas nada!
Supor o que dirá
A tua boca velada
É ouvi-lo já.

É ouvi-lo melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das frases e dos dias.

És melhor do que tu.
Não digas nada: sê!
Graça do corpo nu
Que invisível se vê.


Fernando Pessoa
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abril 07, 2007



Edward Munch
Dance of Life






(uma obra maravilhosa)
...

abril 03, 2007

CHOQUE EMINENTE

venho por este meio alertar-vos para a criação de um novo blog, da minha autoria.


(este blog continuará, no entanto, a ser actualizado dentro dos possíveis)



(sur)Reality Show

----- www.surrealityshow.blogspot.com

( fotografia por Quentin Lënw )



O novo blog englobará temas relacionados com a sociedade que temos hoje no mundo, nos seus diferentes e diversificados campos.

quem se quiser dirigir para lá, basta carregar em cima da imagem.
como disse anteriormente, ficarão os 2 blogs activos.



obrigado.

fevereiro 16, 2007


Paris, a cidade luz.



fevereiro 15, 2007




















Dou um pontapé nestas árvores de carne e folhas.

Mas esperem!

A palavra árvore não é uma árvore,
momento de sombra,
nem a palavra sol queima a pele das mãos.
e até hoje nunca vi voar a palavra rouxinol.

Ah! Se eu pudesse colar no papel o canto dos pássaros,
o esfarrapar concreto do canto verdadeiro dos pássaros,
e esta mão de sol que cria a invenção das flores.

Mas não.
Sempre as mesmas palavras,
com alçapões de bruma.

Sempre esta resignação à Poesia
com pontes mágicas para coisa nenhuma.

José Gomes Ferreira

( fotografia por
Quentin Lënw )



janeiro 25, 2007

ABORTO - I

para todos os apoiantes do SIM,
para todos aqueles que desprezam uma vida humana totalmente inocente, que é totalmente marginalizada pela propaganda estupidificada dos "sinhes".
e lembrem-se: a vida começa no momento da concepção, independentemente de qualquer motivo "humilhante" que gostemos de inventar.







divagação abortária

já imaginaram o quão Portugal se atrasaria relativamente ao resto da Europa "civilizada" caso ganhe o NÃO no referendo do próximo dia 11 de Fevereiro?




por amor de Deus.
não tentem justificar aquilo que não tem qualquer tipo de justificação: o aborto.
(sobretudo quando o tentam fazer com argumentos tão tristes como esse)

e vá, agora está na altura de me caírem em cima com os vossos argumentozinhos de meia tigela.

Se Te Queres Matar
















Pablo Picasso - The Old Guitarrist




Se te queres matar, por que não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por actores de convenções e poses determinadas,
O circo policromo do nosso dinamismo sem fím?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E, de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!

Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...

A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado
De que te chorem?
Descansa: pouco te chorarão...
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
Quando não são de coisas nossas,
Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
Porque é coisa depois da qual nada acontece aos outros...

Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
Do mistério e da falta da tua vida falada...
Depois o horror do caixão visível e material,
E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,
Lamentando a pena de teres morrido,
E tu mera causa ocasional daquela carpidação,
Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...
Muito mais morto aqui que calculas,
Mesmo que estejas muito mais vivo além...
Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova,
E depois o princípio da morte da tua memória.
Há primeiro em todos um alívio
Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
E a vida de todos os dias retoma o seu dia...

Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste.
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.

Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...
Se queres matar-te, mata-te...
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência! ...
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?

Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?

Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem.
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?

És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
E o próprio universo e os outros
Satélites da tua subjectividade objectiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.


ÁLVARO DE CAMPOS