julho 08, 2006

NUCLEAR = problemas, pequenos e Grandes.



O “enveredarmos” pelo caminho nuclear, numa tentativa de resolver os nossos problemas “energéticos”, em pouco ou quase nada nos vai ajudar, no que se refere questões energéticas. Como fonte energética não renovável (e, por isso, esgotável) que é, quer seja a médio quer seja a longo prazo, a energia nuclear representa actualmente um retorno a um debate idiota (e peço desculpa se ofendo alguém) sobre as questões relacionadas com este tipo de energia que incide sempre nas mesmas questões: o porquê da energia nuclear, o perigo da energia nuclear, o “vintenário” Chernobyl, os custos, vantagens (e desvantagens) da energia nuclear, a possibilidade de se desenvolverem bombas atómicas por parte de quem é detentor deste tipo de energia, etc. Como o próprio Einstein o disse após ter desenvolvido decisivamente a pesquisa nuclear, “o mundo nunca mais seria o mesmo”. E com alguma razão o deve ter dito, com certeza, não tivesse sido ele o principal agente impulsionador do desenvolvimento nuclear, na altura justificável devido à ameça nazi (que também estavam na altura a tentar desenvolver a bomba nuclear, primeiro que os Aliados).

Primeiro que tudo, não nos esqueçamos que a energia nuclear é uma energia a prazo, digam o que disserem, tal como sempre o foi e é o petróleo, independentemente da energia nuclear ter maior capacidade de produção e afins. Quer seja daqui a 50 anos, quer seja daqui a vários séculos, o debate pela procura de novas fontes energéticas “alternativas” à energia nuclear será, tal como está a ser agora em relação ao petróleo, inevitável. E isto se for apenas um simples “debate”..

Depois, a produção em massa de energia nuclear, a uma escala global, irá trazer sérias ameaças à paz mundial, e poderá ameaçar a própria segurança da espécie humana. Como todos sabemos, porque eles acontecem, um acidente nuclear (quer seja no desenvolvimento de bombas nucleares , quer seja no próprio campo energético) tem consequências devastadoras na área envolvente (e não só) a curto, médio e longo prazo. Ainda hoje, passados mais de 60 anos, nascem crianças com deficiências e outros problemas provenientes dos efeitos das bombas atómicas lançadas em Hiroshima e Nagasakhi em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial. Mais recentemente, temos o caso de Chernobyl (na Ucrânia), o mais grave acidente nuclear da história da humanidade! Denote-se que a área afectada pelas radiações que saíram das centrais nucleares há exactamente 20 anos, provocaram uma total desertificação da área em redor, num raio de aproximadamente 30/40 km, tendo as radiações chegado (através dos ventos e outros agentes naturais) a países como a Inglaterra!! (é favor consultar um mapa, caso não esteja a ter uma noção da enorme distância que separa a Ucrânia da Inglaterra). Há, por isso, a questão do impacto ambiental causado pela energia nuclear, em caso de acidente (porque sem ser assim o impacto não é tão grande, se esquecermos o caso das radiações circundantes ao redor da central nuclear). Mas não só o impacto ambiental.. Se a produção em massa de energia nuclear generalizar, imaginem o que será vermos países liderados por bandos de criminosos e ditadores, que não estão cá para brincar, em condições de possuírem bombas nucleares. É esse, na minha opiniao, o grande problema da generalização da produção de energia nuclear a uma escala global. O acesso a condições de desenvolvimento de bombas nucleares por parte de qualquer país do mundo que decida fazer o mesmo que o Irão está a fazer agora, por melhores que sejam as suas intenções (não sei porquê, mas costuma-se dizer que “de boas intenções está o inferno cheio”), pode, perfeitamente, representar o fim da espécie humana, ou do próprio planeta em que vivemos.

E isto não é uma posição assim tão surrealista quanto isso. Por mais responsáveis que sejamos enquanto seres humanos, já por vários momentos a humanidade chegou a pontos que nem o mais estúpido dos animais irracionais chegou. Se assim não fosse, não teria havido Holocausto, não teria havido Inquisição, não teria havido tantos outros massacres e tristes acontecimentos na nossa história mundial. Se todos fôssemos responsáveis, viva a energia nuclear! Mas, infelizmente, não somos. Há aqueles que são responsáveis e que sabem, minimamente, aquilo que fazem e as consequências que daí advêm, mas também há o oposto: aqueles que tudo fazem e radicalizam para impedir um avanço positivo da humanidade, mesmo que isso represente o seu próprio fim. E por várias vezes o conseguem. Assim é a natureza humana.



Nuno Perestrelo Santos
2006

1 comentário:

José Borges disse...

Como deves imaginar, já sabendo a minha opinião, são raros os pontos em que concordo contigo.

Primeiro que tudo o nuclear não pode ser considerado uma energia não renovável, a natureza é uma boa produtora deste tipo de mineral, até porque apenas um kilograma de urânio é capaz de alimentar uma central nuclear durante um ano inteiro,e para além do mais é um produto que existe em abundância no nosso país, sendo que tal pode muito bem promover a industria mineira e consequentemente a economia do país. Agora, se temos tanto uranio porque não usá-lo também?

Segundo, esta não é uma discussão idiota como tu lhe chamaste, até porque se assim fosse, com este post estarias a alimentar uma discussão idiota, o que não é o caso, já que tendo em conta a evolução do preço do crude nos mercados internacionais de Nova Iorque e Londres, é obrigatório que os países equacionem novas formas de produção energética, sem ser apenas com as famosas ventoínhas que povoam as nossas florestas dando-lhes um ar verdadeiramente industrializado, já sem falar no teu tão peocupado assunto do impacto ambiental, sabes por exemplo os problemas que os aero-geradores trazem para as migrações das aves?

Terceiro, mais idiota do que qualquer discussão é ser evocado o argumento baixo e oportunista da segurança. Senão vejamos: quantos acidentes graves com centrais nucleares houve em toda a história mundial? Um, Chernobyl! Sabes em que circunstâncias? 1986, União das Repúblicas Socialistas Sovieticas, um governo comunista em decandência que já não consegue manter a ordem política em todo o "império" nomeia um engenheiro incompetente para umas instalações degradadas que a grande "Mãe Rússia" não consegue recuperar, num país onde tudo falha, falhou o pior. Infelizmente as consequências foram desastrosas, mas vamos lá, desde então, mais algum acidente? Não achas que a segurança nas centrais não melhorou bastante mais? Não podemos ter uma central no nosso país só evocando esse argumento? Quer dizer que os espanhois podem ter várias centrais a 50 km do nosso país, achas que isso não nos afectaria da mesma maneira como se essa mesma central estivesse no meio do Alentejo? E no entanto os espanhois beneficiam de uma energia a metade do preço da nossa porque tem 7 centrais nucleares e nós, os "amigos da segurança e guardiões das árvores e ambiente" num páis que vê ardida metade da sua floresta anualmente (e este sim, o verdadeiro crime ecológico) estamos como estamos, a importar anualmente cerca de 70 por centro da energia, produzida sabes onde? Nas centrais nucleares francesas e espanholas! Não é uma incongruência? Se podemos nós mesmo produzila porque hão-de os outros faze-lo por nós? Só ficamos a perder!

Quarto, o único argumento válido que apresentas e que ainda assim é discutivel: a proliferação nuclear! Um país como nós, vai construir bombas atómicas? Quem acreditar nisso não tem consciência. Mas tudo bem, o caso do Irão, apresenta um problema gravíssimo mas fácil de resolver. Sabes como? Da mesma maneira que o resolveram os Israelitas à uns anos atrás quando os iraquianos estavam construindo uma central nuclear pondo em perigo todo o estado de Israel, nada mais simples, o estado judaico pegou em meia dúzia de f-16 e em meia hora detruiu o tal "perigo iminente" de ditadores que como tu dizes "não estão cá para brincarem", e nós democracias, estamos?

Num país que tu vês "inundado" de centrais hidro-eléctricas (barragens) que cobrem áreas riquissimas do ponto de vista arqueológico, ambiental e paisagisticos eu digo SIM ao nuclear! Num país que te arriscas a ver coberto de ventoinhas acompanhadas unicamente pelo mítico e tão tradicional eucalipto (ironia), eu digo SIM ao nuclear!

E mais, cada vez mais grupos ambientalistas dizem sim ao nuclear, não penses que quem acredita nesta solução são os inimigos da natureza! É limpo, barato, eficaz, seguro! É por isso que cada vez mais mentes eclarecidas dizem SIM ao nuclear.