fevereiro 15, 2007




















Dou um pontapé nestas árvores de carne e folhas.

Mas esperem!

A palavra árvore não é uma árvore,
momento de sombra,
nem a palavra sol queima a pele das mãos.
e até hoje nunca vi voar a palavra rouxinol.

Ah! Se eu pudesse colar no papel o canto dos pássaros,
o esfarrapar concreto do canto verdadeiro dos pássaros,
e esta mão de sol que cria a invenção das flores.

Mas não.
Sempre as mesmas palavras,
com alçapões de bruma.

Sempre esta resignação à Poesia
com pontes mágicas para coisa nenhuma.

José Gomes Ferreira

( fotografia por
Quentin Lënw )



1 comentário:

José Borges disse...

"a palavra escrita ensinou-me a escutar a voz humana"
Marguerite Yourcenar


a verdade é que uma palavra alberga em si inumeras possibilidades de sons e vida.